terça-feira, julho 15, 2008

Pele morta

elas somem
ou aparecem
na hora
errada
ou no corpo
errado.

...

e quando reaparecem
a cabeça está toda
errada e
às vezes sou eu o
errado e
certo ninguém é.

incerto
o mundo todo

...

Pois é.

Coalhando

Uma hora foi a bomba
depois veio a Aids
o desmatamento
a falta d’água
o petróleo
os famintos
os obesos
o trânsito
o medo
tiro na boca pra lá e pra cá
enquanto não sei o que fazer
se digo sim ou não
se fico dentro
ou fora.

A loucura é a ultima saída praquele
que ainda consegue
manter-se vivo
um berro não resolve nada
- restaria aos queridos
um chumbo cravado
nas lembranças -

Sigo seco, firme
lentamente sigo
cortando o vento
afogado num mar
de cabeças
cabeças e cabeças
e nenhuma delas traduzindo
minha vontade de viver.

-e de esquecer que-

Tudo tudo tudo
enche
tudo lota
e caminhando em S
desvio dor
satisfação e amor
da flecha do destino
que insiste em me derrubar.

Mesmo assim, ligeiramente sigo
e seco.

2h da manhã

o que vejo está
a um palmo
do que me acontece
carrego toda a doença
e a morte do espírito
com os dias contados
o bate-cabeça
as discussões
indiferença
inquietações.

a mesa cheia de pó
e não quero saber
porque há um copo
cheio e nada mais
nos vai deter.

acendo um cigarro
o maço ta firme e
aquela garrafa meio
cheia.

companhias sem vida e
feliz por escolher uma
existência meio

vazia.