domingo, fevereiro 18, 2007

Solar

Minha mente - como o sol -
lentamente congelar-se-á
o presente ja não há
o infinito morrerá.

Engolidos pela estrela que
ignora demônios e deuses
nesta terra em que pisamos
o consolo de quem perdeu.

Não há vida, meu sangue não tem cor
era glacial trouxe-me o torpor -
e se uma brasa queima, sinto-me bem
com seu calor rasgo o cosmos e vou além.

Ponto luz que se move ao dentro
aquece o concreto
sufoca meu centro
derrete meu peito.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

lamento por estar

deus, pensei
cavaram um buraco na minha cabeça
ou martelaram, martelaram, martelaram, desistiram
pensaram mais e marretaram, marretaram
abatido, descascando, falando rouco

minha cabeça é como um buraco negro
absorve e não externa. uma hora vai
sei que vai
mas se não for, faço questão de esperar
sem muita disciplina
sem tanta fidelidade
não sou fanático
mas daria tudo pra ter você pelada
andando pra lá e pra cá
descalça na lajota
sensível
eriçada
arrepiada
deitada e
macia.
bebendo seu café sob a janela.
e o brilho negro da sua xícara me faria lembrar
do meu buraco e que você logo irá
pra qualquer lugar que não seja passível de absorção
onde possa desfilar seu longo cabelo, uma rainha
isso, seu cabelo é um turbante
você poderia ser minha imperatriz
mas não, faço questão
deu branco e você sabe:
de tanto escrever você, você e você
posso desparecer.