Preâmbulo
Parar pra pensar é deixar de viver, pois quando penso, já pensei. É como um camelo que nunca sente sede, como um cacto que aguenta firme a secura e o calor do tempo. Essa velocidade, toda frenética, me esquenta tamanha a fricção, e sinto-me desidratado em cada olhar, desviado ou não.
Parar pra pensar, pensar pra parar de pensar... não é fácil. Quando penso em parar, paro pra pensar naquilo que não importa, no voar de uma pomba ou no desenho das nuvens, nas coisas que mais gosto e que menos importam pro resto do mundo: sentir em pensar.
É impossível estagnar, e quando vejo meus nervos paralizando-se, por vontade própria, não penso em desistir. Penso apenas em parar de sentir, seja dor ou euforia, algo bem familiar, um prazer em não ser, o desligar das lâmpadas onde tudo acontece aqui dentro.
Um papo chato que só cabe a mim não resolver, mas aceitar e, quem sabe, continuar assim a viver.