terça-feira, julho 18, 2006

o peixe que dorme no bico do pelicano

não existe roda gigante
ou motor central
o mundo é um caqui
casca fina salpicado
com baratas.

noite passada bebi
pra tentar encontrar
o que talvez seja
impossivel
conseguir
sozinho.

o exercício era constante
copo na boca, copo na mesa
me fez lembrar: quem sabe
devesse ficar em casa
meu corpo parece frágil
doente
mas ali eu era o tirano
e continuava trabalhando
na cerveja ou em algo mais quente.

elas olham e às vezes
até sorriem - sinto
uma fina tripa
a membrana,
a bolsa frágil que
protege o feto
do mundo
me envolve, me sufoca
e se rompe com facilidade
só chegar mais perto
e dizer olá.

são elas que regeneram minha película
que a tornam espessa, forte
salvo de quem me despreza
resistente àqueles que me arranham
são elas que me fazem reviver
o que não recordo ter vivido

sapatos
bolsas
unha
carne
pêlos
busco em todas
elas o conforto
o calor e o alimento
do ventre materno.

2 Comments:

Blogger Encravado Alessandro said...

o calor e o alimento ao espírito!
Sempre assim!

sábado, julho 22, 2006 4:08:00 PM  
Blogger Ana Gehenna said...

sim... e sem perde-la, mesmo quando esta, a esperança, parece querer abandonar-nos. o importante é mesmo entre as ranhetices, não perde-la de vista. vc consegue. e eu também!

terça-feira, agosto 08, 2006 12:01:00 PM  

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