o sabiá que não soube assobiar
"For The Good Times" - nesta faixa o disco pula
os bons tempos também tem seus riscos
então penso que - se o papel
higiênico pode
muitas vezes machucar
por que não suas unhas
de esmaltes descascados
como um fio terra
ou um simples tocar de cílios
tudo - tudo
está me rabiscando
lembro das risadas
e nossas grandes barrigas doendo
tamanha eram as exaltações
nossas púbis se amaciando
e a almofada que é
sua xoxota
o melhor travesseiro
o melhor cheiro
o melhor dos sonos.
tenho dedos finos
e compridos
tentáculos que ferem
rígidos em sua carne tenra
branca e perfumada
meus olhos são maiores que nossas bocas
quis isso tudo de uma vez
sem mastigar, numa abocanhada
como aquelas bebidas fortes que aquecem
numa talagada só
você no banho sem me ver
foi a última visão
melancólica
estimulante
um vidro nos separava
à prova de balas
e do amor
que
em fuga
aproveitou pra deixar
um curto pavio
aceso
os bons tempos
velhos tempos
brincam como
jovens coelgiais
em roda à minha volta
com seus pêlos nunca aparados
sorrindo e
sabendo
que tudo
ao menor instante
torna-se poeira
2 Comments:
encontrei enfim.
abraço!
pensei que te encontraria ontem. li isso aí com um certo aperto na garganta. pq eu to doente e tbm pq eu venho reconsiderando bastante esse tipo de coisa, vc sabe.
mas escreveu bonito. muito bonito.
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